Empresas ao final da cadeia, que compram produtos bovinos oriundos do Cerrado brasileiro, começaram a desenvolver estratégias de compras responsáveis para evitar aquisições vinculadas à problemas socioambientais na região.
Entretanto, apesar das empresas se comprometerem com a conservação do bioma, havia uma falta de alinhamento em como operacionalizar esses compromissos. Não existia um protocolo harmonizado para os frigoríficos analisarem suas compras de gado no Cerrado como há para a Amazônia.
Tendo como referência a experiência de trabalho do Imaflora na harmonização do Protocolo da Amazônia e a experiência do Proforest em desenvolver e ajudar na implementação de políticas de compra responsável de carne bovina no Cerrado, Proforest e Imaflora firmaram uma parceria para desenvolver um protocolo voluntário de monitoramento para fornecedores de gado no bioma Cerrado.
O bioma Cerrado está sob crescente escrutínio internacional dada à expansão significativa de pastagens e produção agrícola de larga escala sobre a vegetação nativa nas últimas quatro décadas.1
O bioma é a savana tropical com maior biodiversidade do mundo2 onde se localizam oito das doze bacias hidrográficas do país,3 e desempenha função importante no fornecimento de uma série de serviços ecossistêmicos, como a manutenção do ciclo hidrológico no Brasil.
As atividades agropecuárias, em particular, têm sido associadas com a conversão de vegetação nativa na região, uma vez que a maior parte das áreas abertas se tornam pastagens.4
As questões sociais como conflitos de terras5 e o trabalho forçado e análogo a escravidão também estão associados com a pecuária – de acordo com dados do governo federal sistematizados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), mais da metade dos casos de trabalho escravo identificados no Brasil entre 1995 e 2020 ocorreram em atividades relacionadas à pecuária.6